O contorno urbano que a BR-101 faz da Região Metropolitana do
Recife, entre Igarassu e Jaboatão dos Guararapes, virou uma montanha -russa. A
situação é mais crítica nos 30 quilômetros que separam a cidade de Abreu e
Lima, no Norte do Grande Recife, e o bairro de Prazeres, em Jaboatão, no
extremo Sul. Por pura sorte, o pavimento não encontra -se tão degradado como no
ano passado, por exemplo, quando o inverno foi muito mais rigoroso. Mas o
desgaste da rodovia, que não suporta mais paliativos, como operações de
tapa-buraco que simplesmente jogam asfalto sobre as placas de concreto, está
mais grave e extenso. Compromete a segurança e o desempenho de quem trafega
nela e, principalmente, irrita motoristas, que têm levado mais tempo para fazer
o mesmo percurso.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit)
garante que está presente no contorno urbano da BR-101. E está. Essa presença é
perceptível. Ontem, enquanto a reportagem percorria o trecho de 30 quilômetros
encontrou com duas equipes da empresa contratada para fazer a manutenção. As
duas fechavam buracos em dois trechos distintos. Ou seja, jogavam asfalto sobre
o asfalto lançado anos atrás sobre as mesmas placas de concreto, velhas e
rachadas depois de 32 anos de uso – tempo de vida da duplicação do contorno
urbano da BR-101. Uma solução que não dá mais resultados. Está comprovado.
“Os buracos desse trecho da BR-101 têm 20 anos. São os mesmos. É
impressionante. Eles fecham o mesmo buraco há duas décadas, sem resolver o
problema de vez. Nós conhecemos todos. Estão sempre no mesmo lugar. A situação,
de fato, não está pior porque não choveu esse ano. Quando chove, a água encobre
os buracos e o perigo aumenta”, reclama a aposentada Ilza Piquet, 74 anos,
flagrada pela reportagem enquanto trocava o pneu, depois que estourou ao cair
num buraco. Há 17 anos Ilza Piquet e sua família residem na Estrada da Mumbeca,
bairro da Guabiraba, Zona Norte do Recife, e conhecem como ninguém o pavimento
do contorno urbano da BR-101.
A sensação de estar
numa montanha-russa é sentida nos 30 quilômetros do contorno urbano da BR. Para
complicar, quase todas as defensas – barreiras de ferro que servem de proteção
e separam as pistas – foram retiradas pelo Dnit. Embora a maioria estivesse
enferrujada, quebrada, retorcida e aberta para facilitar a travessia de
pedestres, a ausência delas estimula os motoristas a
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