Ex-deputado está de volta ao Recife, para passar as festas de fim de ano, mas mantém a posição de não falar sobre política. Está, segundo familiares, feliz na planície
Publicado Ana Lúcia Andrade
Foto: Priscila Buhr/JC Imagem
Desde que Maurício Rands foi retirado da disputa pela prefeitura do Recife, em julho, pela direção nacional do PT, e tomou a radical decisão de se desfiliar do partido e renunciar ao mandato de deputado federal, que hoje o “apenas advogado e cidadão comum”, como costuma se apresentar, resolveu cumprir rigorosamente a reclusão da “planície”.
Isso torna obrigatório, principalmente, manter-se longe da imprensa e de entrevistas. E é esse rito que Rands vem cumprindo, com uma inflexibilidade tamanha que até mesmo a distância que o separava do Recife, há alguns dias, quando se encontrava entre a África e a Holanda, era capaz de afastá-lo. Rands se encontra na capital pernambucana para as festas de final de ano com a família. Mas tão logo janeiro aponte no calendário, retornará para Amsterdã (Holanda), onde advoga para o grupo Petra Energia Internacional, que no Brasil é controlado pelo pernambucano Roberto Viana.
O JC tentou, sem sucesso, por uma semana conversar com o ex-petista. O mais próximo dele que a reportagem chegou foi da esposa, Patrícia, e do irmão Alexandre Rands. Patrícia atendeu o JC por telefone, nesta quinta-feira (27). A brandura no trato, porém, não a fez alimentar, nem por um segundo, um fio de esperança que fosse de Maurício Rands conceder uma entrevista.
“O que ele tinha de falar ele já falou. Qualquer coisa que ele diga agora pode alimentar especulações de que possa rever os planos de deixar a política. E isso está descartado. Hoje ele está na planície, é um cidadão comum que já superou tudo que aconteceu”, assegurou Patrícia, referindo-se ao episódio eleitoral do Recife.
O irmão Alexandre Rands cedeu um pouco mais e reafirmou os sentimentos de “decepção e traição” que marcaram a saída de Maurício do PT e da política. “O PT não viu nele a capacidade de contribuir para o projeto do partido. Isso o decepcionou muito. Mas asseguro a você que hoje ele está muito mais feliz do que antes”, contou.
De fato, quando resolveu virar a página da política e do Partido dos Trabalhadores, Maurício Rands relatou em uma longa nota, datada de três de julho, as razões que o levaram a desistir de lutar por uma “renovação” no PT. Acusou a direção nacional petista de “autoritária e burocrática”, cujas decisões são tomadas, segundo ele, “distantes da realidade dos militantes na base partidária”.
Na mesma nota de desfiliação do PT e de renúncia ao mandato de federal, Rands se antecipou em defender o hoje prefeito eleito do Recife, Geraldo Julio (PSB), como “o quadro mais preparado para atualizar e aperfeiçoar a gestão municipal, implantando na cidade o que o governador Eduardo Campos está fazendo em Pernambuco”. Encerrou, assim, um ciclo na política e passou o bastão de ainda dois anos de mandato de federal para o socialista Pastor Vilalba.
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