Rifado pelo governador Eduardo Campos para disputar o governo de Pernambuco,
papel do vice - que assume gestão em abril - pode ser fundamental para a candidatura
de Paulo Câmara ao Executivo estadual
Publicado em 23/02/2014, às 06h56
Ayrton Maciel
Bobby Fabisak/JC Imagem
Para onde vai o vice-governador João Lyra Neto (PSB), preterido na definição do candidato do PSB/Frente Popular, depois de escanteado do processo de consulta feito pelo governador Eduardo Campos? As arestas e feridas abertas na disputa interna promovida pela extensa lista de potenciais candidatos, estimulada pelo próprio governador Eduardo Campos (PSB) ao não desautorizar “informações plantadas” e intrigas difundidas por simpatizantes de cada postulante, vão ser saradas na campanha eleitoral?
Mais que o lançamento oficial da chapa governista já conhecida, marcada para amanhã, às 12h, em um hotel do Recife, os olhos e ouvidos se voltam para o primeiro pronunciamento do vice-governador pós sacrifício. Lyra – que assume o governo no dia 4 de abril, com a desincompatibilização de Eduardo para disputar a Presidência – vai se engajar na campanha de Paulo Câmara ou vai se dedicar ao governo para deixar a sua marca de gestor? Ao inaugurar obra que tenha parceria com o governo federal, convidará Dilma Rousseff? Como será a sua relação com a presidente? Com a caneta e o poder nas mãos, terá vida própria ou será submisso às orientações e demandas eleitorais?
Analistas políticos consideram que a reação inicial de indignação do vice, por sequer ter sido escutado sobre a disputa, deixa imprevisível, hoje, o seu comportamento em relação à eleição. Pressionado, entretanto, pelas circunstâncias da escolha, tenderá a acatar e apoiar o escolhido. “A tendência é ele se concentrar na gestão, mas não vejo ele se afastando de Eduardo e de Paulo Câmara. Ele foi excluído porque não aglutinou. Agora, podem ocorrer pequenos gestos (de provocação), como aproximar-se de Dilma, mantendo uma equidistância de Câmara”, avalia Túlio Velho Barreto.
“Ele não foi o escolhido porque não preenchia o perfil ideal para se ajustar ao discurso nacional de Eduardo, o de que a sociedade quer novos atores”, resume Maurício Romão. “Como Eduardo é candidato a presidente, para o PSB, ficar contra Eduardo é ficar contra Pernambuco. Ou fica e apoia ou sai”, sentencia Paulo Henrique Martins.
O perfil técnico do secretário Paulo Câmara derrotou os demais postulantes, todos filiados ao PSB e de maior experiência política. Na escolha, Eduardo – acusado pela mídia nacional de privilegiar laços de família na indicação para cargos – minimizou o custo de novas críticas. Câmara é casado com uma prima do presidenciável. Entre os derrotados, o secretário da Casa Civil, Tadeu Alencar (PSB), também é primo; e o ex-petista Maurício Rands é primo de Renata Campos, mulher de Eduardo.
O governador terá agora de quebrar as arestas e unir o partido para tentar eleger a chapa, repetindo o feito de 2012, no Recife. Um técnico jovem que nunca disputou uma eleição, e um vice, Raul Henry (PMDB), também jovem, mas com rodagem política: é da geração de Eduardo, tem 30 anos de vida política entre militância partidária e mandatos. E postulante ao Senado, Fernando Bezerra Coelho (PSB), político de estilo tradicional, que se iniciou no PDS, sucedâneo da Arena, o partido do regime militar.
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