Encontro ocorrido nesta sexta (14) foi encerrado com a promessa de que a situação
ainda seria debatida com promotorias da cidades da região
Publicado em 14/02/2014, às 19h02
Valentine Herold
Foto: Beto Figuerôa/ Acervo JC Imagem
Exatos nove dias após a reunião ocorrida entre maracatuzeiros de Nazaré da Mata, a promotoria do município e a Fundarpe, na própria cidade, representantes de maracatus de baque solto de diversos municípios da Zona da Mata Norte do Estado foram os protagonistas de uma audiência pública na tarde desta sexta-feira (14), no Recife. O impasse continua, mas o encontro foi encerrado após mais de 2h30 com a promessa de que a situação da secular cultura da Mata Norte seria debatida com as promotorias de todas as cidades da região da forma mais rápida possível.
O pedido havia sido feito na sexta-feira da semana passada por uma comissão formada pelos maracatuzeiros Maciel Salustiano, Manoelzinho Salustiano, Siba e pela advogada e integrante dos grupos Direitos Urbanos e Direitos Culturais, Liana Cirne, com o intuito de expor aos promotores da capital pernambucana a situação repressiva pela qual vem passando os grupos. O problema sofrido é o mesmo de Nazaré: os ensaios e as sambadas dos maracatus vêm sendo regulados para durar até às 2h.
Mas tradicional e secularmente, os festejos têm início de noite e seguem até cerca de 5h e 6h do outro dia. A brincadeira tem que amanhecer para ser legítima. "O melhor da sambada é entre 3h e 5h, quando os dois mestres estão em pleno improviso", ressaltou Manuelzinho. "Se acabarem mesmo com nosso horário, não faz nem sentido mais a gente fazer maracatu", entristeceu-se mestre João Paulo. Mestres de Aliança, Nazaré, Tracunhaém, Buenos Aires, Condado e até Recife estiveram presentes ontem e expuseram aos promotores Marcos Aurélio, Maxwell Vignoli, André Felipe e Ricardo Coelho.
"Isso já vem ocorrendo há mais de dois anos e não podemos admitir que aconteça com nossa cultura o que aconteceu com a indígena. Ela tem que continuar a ser passada da forma correta para as futuras gerações", disse Maciel Salu. O promotor Ricardo Coelho garantiu que o MPPE irá "resolver em conjuntocom as outras promotorias de forma urgente e imediata" e que considera um "absurdo sem tamanho" o que vem ocorrendo com os maracatus.
Apesar de não terem tido suas situações resolvidas, os maracatuzeiros mostraram-se firma em seus pedidos e que continuarão cobrando uma medida do poder público.
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