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domingo, 16 de fevereiro de 2014

URBANISMO Uma outra leitura para a Praça do Sebo

Projeto de estudante de biblioteconomia é tornar o lugar um ponto de incentivo à leitura

Publicado em 16/02/2014, às 07h11

Ana Carolina Sobral criou programação cultural para a praça e alimenta página no Facebook para incentivar visitas ao local / Foto: Guga Matos/ JC Imagem

Ana Carolina Sobral criou programação cultural para a praça e alimenta página no Facebook para incentivar visitas ao local

Foto: Guga Matos/ JC Imagem

Há 32 anos os altos edifícios das avenidas Guararapes e Dantas Barreto, no bairro de Santo Antônio, isolam a Praça do Sebo do barulhento Centro do Recife. Criado para ser um recanto de leitores,  o charme de esconderijo característico do pátio e a falta de programação cultural tornaram o lugar mais uma joia esquecida da cidade. Na contra-mão do processo de esquecimento, uma estudante biblioteconomia de apenas 22 anos começa a escrever a página que faltava à praça: torná-la um ponto cultural com programação durante o ano todo.
Ana Carolina Sobral, estudante da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), escolheu a Praça do Sebo como seu projeto de conclusão de curso. “Quando era pequena eu ia lá com a minha mãe, passávamos a tarde ali. Ficava encantada com aquele lugar que mais parecia uma biblioteca ao ar livre”, lembra Ana Carolina. A memória afetiva dos seus oito anos foi fundamental na escolha do lugar como material de estudo para a universidade. “Eu comecei a ver reportagens falando de como o lugar estava abandonado. Como queria fazer um projeto prático, decidi pela praça”, explica.

Apesar de ter passado mais de dez anos sem ir ao pátio, a estudante diz ter encontrado mais oportunidades que problemas. “Com a ajuda dos livreiros, fizemos uma programação para o Dia das Crianças. Pagamos do nosso bolso”. 

Para arrecadar recursos, foram vendidas cerca de 20 camisetas com a mensagem #MovimentePraçaDoSebo, que acabaram sendo compradas por colegas da estudante e trabalhadores dos 19 boxes de livros que funcionam no lugar. 

A programação incluiu recitais de poesia, sorteio de livros, contação de histórias e brincadeiras para as crianças das escolas estaduais  Eleanor Roosevelt, no Ipsep, e Professor Fernando Mota, em Boa Viagem, ambas na Zona Sul.

Seu projeto prevê a criação de um calendário anual onde cada mês sejam realizadas atividades como as de outubro em homenagem a um autor pernambucano, uma forma de incentivar a leitura. “O bibliotecário é um pouco desse agente sociocultural. A ideia é que escolas públicas e particulares possam levar as crianças para terem uma programação diferente, de incentivo à leitura”, diz.

 O trabalho só será concluído em março, mas Ana Carolina já alimenta sozinha a página “Praça do Sebo” no Facebook, onde incentiva a visita ao espaço.
“Fiquei maravilhada quando Carolina chegou aqui contando as ideias dela. Trabalho aqui há 16 anos e já estava desanimada com o movimento fora do período de compra de material escolar. Fico só imaginando programações durante o ano todo. A praça sendo usada para lançamento de livros, já pensou?”, entusiasma-se Cátia Sales, proprietária do box Recanto dos Alfarrabistas. O projeto será concluído em março e depois a estudante irá apresentá-lo à Prefeitura do Recife, com os detalhes de execução e a importância para o aumento do movimento para o local, em busca de apoio.

REFORMA

No aniversário de 32 anos da praça, no dia 30 de agosto do ano passado, a prefeitura inaugurou com uma festa a reforma de dois meses realizada pela Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb). A pintura foi reforçada, as pedras portuguesas trocadas, assim como a iluminação e as grades que isolam o pátio. A revitalização do lugar também incluiu a fiscalização dos bares vizinhos, que antes encobriam a praça com mesas e tendas.

Mesmo com a reconhecida melhora da estrutura, os livreiros esperam mais investimentos na divulgação do espaço. "A gente sempre quer ver isso aqui cheio de gente sentada, lendo o ano todo. A praça tem que ser mais bem divulgada", espera o livreiro Marcelo Albelo, há 25 anos no local.

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