Localizado no Cabo de Santo Agostinho, sobrado onde viveu o ex-governador José
Rufino (1865-1922) corre risco de desaparecer
Publicado em 15/02/2014, às 18h00
Construída em 1912, a casa fica no Engenho Novo, área rural do município, exposta a sol, chuva e ventania
Hélia Scheppa/JC Imagem
Um casarão tombado como patrimônio histórico pelo governo do Estado, no Cabo de Santo Agostinho, ao Sul do Grande Recife, corre o risco de desaparecer. Residência de campo do ex-governador de Pernambuco José Rufino Bezerra Cavalcanti (1865-1922), o velho sobrado está destelhado, sem portas e janelas, infestado de cupins e perdendo o reboco das paredes.
Construída em 1912, a casa fica no Engenho Novo, área rural do município, exposta a sol, chuva e ventania, sem nenhuma conservação. Antes de ser abandonada no meio do mato, há mais de 15 anos, servia como espaço de recepções para o Clube de Campo do Cabo, que funcionava no terreno. Cacos de telha e reboco se acumulam pelo chão da varanda, salas e quartos.
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Janelas e portas feitas de madeira decorada, apodrecem. Os vidros desenhados que resistem em algumas janelas estão quebrados. A escada externa, de acesso ao primeiro andar, é feita de ferro (corroído pela ferrugem) com degraus de mármore, quebrados. Um pavão de metal, incrustado numa grade da fachada, completa o visual melancólico da casa.
“O forro do primeiro andar era lindo, desenhado, mas desabou todo”, conta Midiã da Silva Ferreira, 43 anos. Ela vive no local com o marido, três filhos e uma neta. Transformou antigos bares do clube de campo numa residência. “Chegamos há 23 anos. No começo, a gente morava no casarão, ocupando só a parte de baixo”, diz ela.
Midiã dividia o sobrado com os sogros, funcionários do clube de campo. “Viemos todos juntos morar aqui. Eu também trabalhava para o clube, lavando banheiro. Meus sogros morreram na casa”, declara. Segundo ela, só a família faz a guarda do lugar. “Compramos vassoura e pá para varrer e sempre cortamos o mato do quintal, mas quando chove a vegetação cresce rápido.”
INOVAÇÃO - Apontando os 18 degraus da escada, Midiã informa que cada um deles foi doado por uma pessoa diferente. Como prova, limpa a poeira de uma placa quebrada e mostra a inscrição: Doação de Silo Gomes de Melo. Em outra, se lê Doação das Indústrias de Mármores e Ladrilhos São José Ltda. As placas ficavam sob os degraus, como acabamento.
Político pernambucano, José Rufino nasceu em Vitória de Santo Antão (Zona da Mata) e era usineiro no Cabo. Governou o Estado de dezembro de 1919 a março de 1922. Em 1920, promoveu uma reforma, com o acréscimo de mais um pavimento, no Palácio do Campo das Princesas, Centro do Recife.
Durante a obra, o governador atendia no casarão, diz a arquiteta Rosa Bonfim, chefe da Unidade de Preservação da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe). Tombada em 1988, a pedido do neto de José Rufino, a edificação pertence ao Estado.
O imóvel tinha sido cedido ao Clube de Campo dos Industriários do município, mas encontra-se à disposição da Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho. Procurada para falar sobre o assunto, a prefeitura não informou o que pretende fazer do casarão.
A casa, de arquitetura eclética (mistura de vários estilos), com elementos da art nouveau na decoração, inovou ao instalar quartos com banheiros. “Suíte era uma solução pioneira e não usual para a época”, diz Rosa Bonfim. O piso de parquê (tacos formando desenhos), azulejos e forros de gesso decorados eram outros diferenciais.
Olá Valmir parabéns pelo trabalho,gostaria muito de visita este lugar mais não tenho endereço.
ResponderExcluirpode informa um ponto de referencia para que eu possa pesquisa como chega ao local ?