Por Amanda Claudino
Da Folha de Pernambuco
Alguns dias de chuva já foram mais do que suficientes para colorir de verde a vegetação do Agreste pernambucano. Embora ainda esteja abaixo do tradicionalmente esperado para um mês de abril, as chuvas já estão trazendo mais animosidade para os agricultores, que já preparam a terra e começam a plantar as primeiras sementes, depois de terem enfrentado a pior seca dos últimos 50 anos.
Decisão acertada, na opinião do presidente do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Júlio Zoé. Segundo ele, que acredita em um ano melhor na região na comparação com 2012, como as estações chuvosas nessa região são curtas, é importante aproveitar esse período para garantir alguma safra.
Segundo dados da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), de janeiro até agora, a média de chuvas do Sertão está 68% abaixo da média normal. No Litoral e na Zona da Mata, o índice é um pouco mais satisfatório: 50%. O Agreste, por enquanto, é quem está na pior situação, apresentando um volume 80% menor do que o esperado.
“É a pior situação até agora, mas abril é o mês em que se iniciam as chuvas no Agreste. A temporada segue até julho. Já no Sertão, o período de chuvas já está chegando ao fim, então não existem boas expectativas”, explicou o gerente de Meteorologia e Mudanças Climáticas da APAC, Patrice Oliveira.
Para Júlio Zoé, a plantação nos primeiros dias de chuva pode trazer bons resultados. “No ano passado, os agricultores do território do feijão não perceberam, praticamente, perda no produto, porque eles aproveitaram a semente e plantaram quando choveu e o ciclo foi coincidente. Eles não colheram milho nem palma forrageira, mas se eles tivessem esperado o ciclo normal da chuva, também não teriam tido feijão”, comentou.
Segundo ele, os primeiros requerimentos para o programa Terra Pronta, que distribui sementes para os agricultores, já começaram a chegar. “Vamos conversar com o secretário de Agricultura, Ranilson Ramos, para que possamos executar o programa”, afirmou.
O Agreste possui plantações de feijão, milho, mandioca e, em menor quantidade, de mamona. Para Zoé, iniciar a plantação de milho nesse momento pode ser bastante interessante. “Mesmo que o agricultor não consiga colher o grão, por falta de chuvas, a planta em si é importante para a alimentação do gado”, ressaltou.