Kelen submeteu-se a terapias para limpeza dos pulmões e para as queimadura
19/04/2013 00:25 - AGÊNCIA ESTADO
A estudante Kelen Giovana Leite Ferreira, 20 anos, sobrevivente da tragédia da boate Kiss que deixou o Hospital de Clínicas de Porto Alegre há dois dias, foi recebida com uma festa pelos familiares e amigos na noite da quarta-feira (17), quando voltou a Santa Maria. Nesta quinta (18), ao fazer uma visita surpresa, foi recebida com abraços e beijos emocionados pelos colegas do curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Ao chegar, lembrou da frase "sou forte, vou sair dessa", que havia dito ao se despedir do tio, o bancário aposentado Roque Ferreira, antes de ser sedada no dia da tragédia, para repeti-la com nova conjugação verbal. "Fui forte e consegui sair", afirmou, sob aplausos das cerca de 70 pessoas que foram à recepção.
Nos 79 dias que passou no hospital, Kelen submeteu-se a terapias para limpeza dos pulmões e para as queimaduras que atingiram 20% do corpo. "O caso foi difícil", admite, sem entrar nos detalhes que levaram os médicos a considerar a situação muito grave em dois momentos do tratamento. "Foi com muita fé em Deus e apoio da família que consegui me recuperar."
A estudante seguirá sob cuidados médicos por pelo menos mais alguns meses e terá de fazer viagens periódicas a Porto Alegre para revisões do quadro clínico. Mas não perderá o quarto semestre do curso. A universidade abriu a possibilidade de concluir a etapa a distância, permitindo que ela recupere aulas e preste exames em casa. "Fiquei muito feliz com as recepções que tive, não imaginava tanta gente, e gostei de rever o pessoal da universidade", comentou ao final desta tarde.
Kelen tem pai e mãe em Alegrete, mas mora na casa do tio, em Santa Maria, para estudar. No dia da tragédia, estava na boate com três amigas, uma das quais era funcionária da casa. Duas delas, Juliana Santos e Laureane Salapata, morreram. Kelen, assim como Gabriele Stringari, se salvou porque foi carregada para fora por um "anjo". A fumaça impediu que ela visse o rosto de seu salvador. "Eu gostaria de saber quem é, vou tentar identificá-lo", revela, cheia de gratidão.
O incêndio da boate Kiss ocorreu na madrugada de 27 de janeiro e foi provocado pelo uso de um artefato pirotécnico durante um show musical. A tragédia matou 234 pessoas no mesmo dia e sete posteriormente, em hospitais. Quatro pessoas ainda estão internadas.
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