Enterro aconteceu às 17 h 35 m desta terça-feira (16); amigos aplaudiram.
Ela atuou no teatro, cinema e em novelas como 'Passione', de 2010.
A atriz morreu nesta segunda-feira (15). Ela estava internada no hospital Sírio Libanês, na região central de São Paulo. De acordo com a assessoria do Sírio Libanês, ela estava internada desde outubro de 2012.
O ator Stênio Garcia, que foi casado com a atriz por 11 anos, chegou ao velório no começo desta tarde. "Esta rua deve ganhar o nome dela", declarou o ator, sobre a Rua Prefeito Antonio Garrido, em Cajamar, onde morava Cleyde. "Tinha contato quase diário. Ela estava sofrendo, dificilmente voltaria a andar. Sendo ativa e lutadora, ela não conseguiria viver. A Cleyde foi meu alicerce na vida e na atuação. Foi uma pessoa fantástica", disse Stênio, bastante emocionado.
Ele lembrou de um momento inesquecível com ela. "Fizemos uma viagem para a Europa, estávamos em uma kombi", lembra. "Não tínhamos dinheiro, então dormíamos na kombi. Queria ter feito mais uma grande viagem com ela. Estávamos programando em ir para a Pousada do Rio Quente [em Rio Quente, cidade do estado de Goiás]".
Guilherme Becker, neto da atriz Cacilda Becker e sobrino neto de Cleyde, disse que a atriz "cumpriu a missão". "O clima está bom. O velório está sendo como ela foi, discreto e simples. Ela era conhecida como a dama discreta do teatro. A passagem dela foi tranquila, ficou mais de cinco meses no hospital. Ela teve uma piora mesmo com a morte do Walmor Chagas. Posso dizer que ela não quis mais viver", comentou.
Silvio de Abreu, autor da novela "Passione" (2010) - um dos últimos trabalhos dela -, disse que Yáconis era "uma atriz excepcional e pessoa incrível".
"Ela vai fazer uma falta imensa. Cada vez que uma atriz assim, de teatro, vai embora... O mundo fica mais pobre porque você não consegue repor. Hoje, é difícil encontrar gente assim. Ela não queria parar, tinha medo de ficar esclerosada". Abreu também lembrou que a primeira novela que Yáconis fez foi escrita por ele. "Mas ela que emprestou o talento para mim. Devo mais a ela do que ela a mim", completou.
O ator Cássio Scapin foi à cerimônia na manhã desta terça-feira. "Ela tinha uma qualidade de atriz que não existe mais. Assisti muito às coisas dela. Não deu tempo de trabalharmos juntos, mas era um sonho. Ela falava que em breve ia estar com a irmã e com pessoas que amava. Era exemplo de força", contou Scapin.
Umberto Magnani, também colega de trabalho de Cleyde, comentou a importância da atriz. "Trabalhei muito tempo com ela. Grande dama, insubstituível. Era ótima amiga, podia ligar 24 horas para ela. A gente viajou muito pelo Brasil. Trabalho, generosidade, talento e amor à natureza... É o que fica dela", resumiu.
O figurinista Fábio Matame também elogiou a atriz. "Era uma das pessoas mais profissionais com quem trabalhei. Tinha uma consciência precisa no palco, bastante rara. Tenho lembrança de uma mulher sem vaidade, ao contrário do que se cultiva hoje em dia", disse Matame.
Marcos Smith Angulo, médico da atriz, lembrou uma peculiariade de sua paciente: "Ela ia dirigindo sozinha até o consultorio em São Paulo. Enquanto esperava a consulta, decorava os textos."
"Cleyde é um ícone", disse Ligia de Paula Souza, atriz e presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos de Espetáculos de Diversões de São Paulo. "Quando eu estava começando em 1970, tive a grata felicidade de participar de um espátaculo com ela chamado 'Medeia'. Foi um sucesso, viajamos o Brasil inteiro. A Cleyde estava num patamar tão alto que eu pensava que ela não comia e não fazia xixi. Pensava que não era humana! Ela foi uma luz, é uma luz pra todos que querem fazer arte e que abrem o coracao para um mundo melhor. Sou eternamente grata, ela esta entre os deuses do teatro." Maria Brasil, vizinha de Cleyde, é uma das amigas da atriz que foi ao velório. "Lá dentro está um silêncio, bem escuro, só velas acesas. Tem umas quatro pessoas, incluindo a acompanhante que cuidava dela nesses últimos anos", descreveu. "Ela estava sempre por aqui, era muito simpática. Andava pela cidade. Antes levava sempre o cachorrinho, depois parou de ir com ele", comentou Maria.
Em julho de 2010, a atriz sofreu uma queda e fraturou a cabeça do fêmur. Na época, Cleyde passou por uma cirurgia no Hospital Barra D'Or, na Barra da Tijuca, no Rio, e ficou internada por seis dias. No mesmo ano, ela foi destaque da novela "Passione", do autor Silvio de Abreu. A atriz interpretou a personagem Brígida. Casada com o rabugento Antero (Leonardo Villar), ela tinha um relacionamento misterioso com seu motorista, Diógenes (vivido por Elias Gleiser).
Trajetória
Cleyde Becker Yáconis nasceu em Pirassununga, São Paulo, em 14 de novembro de 1923. De acordo com seu perfil publicado no site da Fundação Nacional de Arte (Funarte), ela cursou enfermagem, com a ideia de se formar em medicina.
Cleyde Becker Yáconis nasceu em Pirassununga, São Paulo, em 14 de novembro de 1923. De acordo com seu perfil publicado no site da Fundação Nacional de Arte (Funarte), ela cursou enfermagem, com a ideia de se formar em medicina.
Em 1950, foi incentivada por sua irmã Cacilda Becker a trabalhar no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), onde substitui Nydia Licia no papel de Rosa Gonzalez, em “O anjo de pedra”, de Tennessee Williams. Em 1951, foi premiada como atriz-revelação do teatro paulista pela Associação Paulista de Críticos Teatrais (APCT), pela peça “Ralé”, de Maximo Gorki. De 1950 a 1964 participou de 35 montagens no TBC.
Em 1958, ao lado de Cacilda Becker, Ziembinski, Walmor Chagas e Fredi Kleeman, fundou o Teatro Cacilda Becker, com a estreia de “O santo e a porca”, de Ariano Suassuna. Em 1965, após desligar-se do TBC, viveu a prostituta Geni de “Toda nudez será castigada”, a convite de Nelson Rodrigues.
No cinema, Yáconis estreou em 1954, com “Na senda do crime”, de Flamínio Bollini Cerri. Ela ainda atuou em filmes como “A Madona de Cedro” (1968), de Carlos Coimbra; “Parada 88 – O Limite de Alerta” (1977), de José de Anchieta; “Dora Doralina” (1982), de Perry Salles; e “Jogo duro” (1985), de Ugo Giorgetti.
Televisão
Yáconis ingressou na televisão em 1966, na TV Paulista, mas foi na TV Tupi de São Paulo em que apareceu em novelas como “O amor tem cara de mulher” (1966); “Mulheres de areia” (1973) e “Gaivotas” (1979). Na Globo, ela atuou em “Rainha da sucata” (1990), “Vamp” (1991) e “As filhas da mãe” (2001). Em 2006, participou de “Cidadão brasileiro”, da Record.
Televisão
Yáconis ingressou na televisão em 1966, na TV Paulista, mas foi na TV Tupi de São Paulo em que apareceu em novelas como “O amor tem cara de mulher” (1966); “Mulheres de areia” (1973) e “Gaivotas” (1979). Na Globo, ela atuou em “Rainha da sucata” (1990), “Vamp” (1991) e “As filhas da mãe” (2001). Em 2006, participou de “Cidadão brasileiro”, da Record.
Quatro anos depois, foi destaque da novela "Passione", do autor Silvio de Abreu. A atriz interpretou a personagem Brígida. Casada com o rabugento Antero (Leonardo Villar), ela tinha um relacionamento misterioso com seu motorista, Diógenes (Elias Gleiser).
Prêmios no teatro
Com mais de 30 peças teatrais, sete longas no cinema – o último “Bodas de papel” (2008) -, e mais de 25 participações em novelas, a atriz teve sua vida relatada no livro "Cleyde Yáconis: Dama discreta" (Coleção Aplauso, Imprensa oficial). Consagrada pelo meio teatral, em 2003, conquistou o Grande Prêmio da Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) pelo conjunto da obra.
Neste mesmo ano, recebeu o Prêmio Nacional Jorge Amado de Literatura & Arte do Governo da Bahia. Em 2005, foi agraciada com a Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura. Por sua interpretação na primeira montagem brasileira de Cinema Éden, de Marguerite Duras, com direção de Emílio Di Biasi, é indicada em 2005 para o Prêmio Shell de Teatro. Em 2006 levou o prêmio de melhor atriz de teatro no Troféu APCA por protagonizar “A louca de Chaillot”, de Jean Giradoux, sob o comando dos diretores Ruy Cortez e Marcos Loureiro.
Sua última aparição no teatro foi em "Elas não gostam de apanhar", montagem de Nelson Rodrigues, que estreou em julho de 2012. Em 2009, foi homenageada com o Teatro Cleyde Yáconis, localizado na zona sul de São Paulo, onde era conhecido antes como Cosipa Cultura.
Com mais de 30 peças teatrais, sete longas no cinema – o último “Bodas de papel” (2008) -, e mais de 25 participações em novelas, a atriz teve sua vida relatada no livro "Cleyde Yáconis: Dama discreta" (Coleção Aplauso, Imprensa oficial). Consagrada pelo meio teatral, em 2003, conquistou o Grande Prêmio da Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) pelo conjunto da obra.
Neste mesmo ano, recebeu o Prêmio Nacional Jorge Amado de Literatura & Arte do Governo da Bahia. Em 2005, foi agraciada com a Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura. Por sua interpretação na primeira montagem brasileira de Cinema Éden, de Marguerite Duras, com direção de Emílio Di Biasi, é indicada em 2005 para o Prêmio Shell de Teatro. Em 2006 levou o prêmio de melhor atriz de teatro no Troféu APCA por protagonizar “A louca de Chaillot”, de Jean Giradoux, sob o comando dos diretores Ruy Cortez e Marcos Loureiro.
Sua última aparição no teatro foi em "Elas não gostam de apanhar", montagem de Nelson Rodrigues, que estreou em julho de 2012. Em 2009, foi homenageada com o Teatro Cleyde Yáconis, localizado na zona sul de São Paulo, onde era conhecido antes como Cosipa Cultura.
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