O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, expressou, nesta terça-feira (16), que o governo e o povo revolucionário derrotaram o golpe de Estado promovido pela direita, mas advertiu que estes setores “vão continuar tentando desestabilizar” o país.
Por Érika Ceconi, de São Paulo e Vanessa Silva, de Caracas
Joka Madruga/ComunicaSul
Nesta segunda-feira (15), foram diversas as denúncias de violência geradas por partidários do ex-candidato derrotado, Henrique Capriles que insiste em não reconhecer o resultado das eleições. Em pelo menos seis cidades venezuelanas, e na capital Caracas, apoiadores da direita realizaram concentrações públicas durante o dia e um panelaço durante a noite. O saldo das manifestações são sete mortos, de acordo com o comunicado oficial.
Maduro afirmou que o governo e o povo revolucionário derrotaram o golpe de Estado promovido pela direita.
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Além disso, sedes do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) – foram atacadas nos Estados de Táchira, Barinas e Anzoátegui. Governadores dos estados de Arágua, Carabobo, Zúlia e Anzoátegui, além disso, moradores do estado Miranda denunciaram ataques aos Centros Médicos de Diagnóstico Integral (CDI), onde trabalham profissionais cubanos e centros de urbanização da Gran Misión Vivienda Venezuela, onde morreram duas pessoas. Há ainda a denúncia de que médicos cubanos foram sequestrados e as sedes da TV estatal Venezolana de Televisión e da Telesur foram cercadas por manifestantes.
Além dos feitos violentos, a direita também insiste em deslegitimar e intimidar o Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Sua presidenta, Tibissay Lucena, o dirigente William Izarra e seu filho, Andrés Izarra, ex-ministro de Comunicação e Informação, tiveram suas residências cercadas. O governo, durante a tarde desta terça-feira (16), exibiu vídeos destes atos de violência na televisão e disse que atuará legalmente para punir os responsáveis por estes fatos: “Isso é democracia ou facismo?”, perguntou Maduro.
Golpe derrotado
Tais ações são consideradas como tentativas de golpe. Analistas e dirigentes políticos comparam o ambiente gerado nesta segunda (15) com o golpe de Estado perpetrado por esta mesma oposição em 2002 contra o presidente Hugo Chávez.
Diante dos fatos, prontamente, o presidente eleito se pronunciou: “declaro derrotado o golpe de Estado, pelo povo e as Forças Armadas”, disse pouco antes de inaugurar um Centro de Diagnóstico Integral (CDI), em Miranda. “Repudiamos toda a violência e quem a convocou”, afirmou Nicolás Maduro.
O presidente pediu para estabelecer as responsabilidades e asseverou que o plano da direita conta com o financiamento do Departamento de Estado dos Estados Unidos.
Auditoria
Maduro lembrou que no próprio domingo (14) realizou-se a auditoria de 54% das mesas de votação. “Temos as atas completas e os resultados estão impecáveis. A burguesia amarela, com suas ambições desmedidas pelo poder, ficaram loucos, chamando as pessoas para as ruas”, disse o presidente.
Maduro alertou que se a direita tivesse chagado à presidência, haveria desmantelado todo o sistema de saúde Barrio Adentro.
“Você [Capriles] tem que responder perante a Constituição e a lei, porque é o responsável pelos mortos que hoje estamos velando”.
Revolução pacífica
Ele indicou que os revolucionários não cederão à chantagem de violência, intolerância e ódio. “Chamam à paz, que o povo me escute onde estiver, nos campos mais longe, nos bairros, nas comunidades, nas universidades: paz, serenidade absoluta, não caiam nem criem provocações. A pátria vai continuar seu rumo de trabalho e construção”, acrescentou.
O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Diosdado Cabello, pela manhã, faz um chamado à paz e afirmou que pedirá uma investigação formal para responsabilizar o opositor Henrique Capriles pela violência no país.
Diosdado indicou ainda que após os atos de violência registrados no território nacional, o governo trabalha pela estabilidade e segurança cidadã e declarou para a rede Venezolana de Televisión que “um pequeno grupo de venezuelanos muito pequeno está empenhado em subverter a ordem”.
Ele ratificou o pedido de paz em todo o país e o estendeu aos meios privados de comunicação que, através das publicações, continuam incitando a violência.
Cabello denunciou que a oposição quer chegar ao poder a todo custo e deixa a população em segundo plano, querendo repetir o cenário similar ao golpe de Estado de 2002 contra Hugo Chávez. Frente a esta conjuntura, convocou os seguidores do PSUV e o Grande Polo Patriótico para uma vigília em todas as praças Bolívar do país para ratificar a paz.
Por sua vez, a Defensoria Pública emitiu um comunicado no qual expressa o repúdio à violência e também pelo assedio as sedes das emissoras oficiais Venezolana de Televisión (TVT), TeleSur que foram cercadas. Os jornalistas disseram ter sofrido intimidações. O órgão respalda a formação de um Comando Antigolpe.
Cornetaço
À noite, em cadeia nacional, Maduro convocou um cornetaço com muita música para se contrapor ao panelaço convocado por Capriles. O cornetaço deverá ocorrer às 20 horas, todos os dias até sexta-feira (19), quando será juramentado perante o Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
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