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sábado, 20 de abril de 2013

LEVANTAMENTO Brasil, o País dos ministros


A presidente Dilma criou no início do mês a 39ª vaga de ministro, uma situação que preocupa por estar na "zona de ineficiência", além de ser um peso adicional nas contas públicas em época de inflação alta

Publicado em 20/04/2013, às 18h35

Do JC Online

Um líder eficaz, ágil, precisa de uma equipe enxuta para sua empresa ou governo ser bem-sucedido. O tamanho ideal do time principal seria de 6 a 10 pessoas. Nos governos federais ao redor do mundo, os mais eficientes têm no máximo 22 membros no primeiro escalão. Os números não são tirados do nada e sim de lições mundiais sobre gestão, desenvolvidas e refinadas há décadas. Isso não impediu, porém, a presidente Dilma Rousseff (PT) de criar no início do mês a 39ª vaga de ministro, uma situação que preocupa por estar na “zona de ineficiência”, além de ser um peso adicional nas contas públicas em época de inflação alta. O excesso de gente no primeiro escalão, fruto da política partidária, aparece até no governo Eduardo Campos (PSB), possível candidato à Presidência em 2014: ele tem 29 secretários, acima da média global, mas bem abaixo da quantidade de ministros de Dilma, que, por sinal, tem até dificuldades para a presidente conhecer toda a sua equipe.

Um dos mais conhecidos autores sobre o assunto gestão, considerado o pai da moderna administração, o austríaco Peter Drucker há décadas alertava que o desperdício de tempo e uma equipe inchada de subordinados diretos a um líder de organização ou governo são os principais inimigos de uma boa gestão. Em obras como “O gestor eficaz”, ele até cita um número ideal de gestores abaixo do principal líder de uma organização pública ou privada.

“Concordo com o número de Drucker. Dez gestores abaixo de um líder é um número que permite diálogo constante. Com quase 40 ministros, cada um só deve conseguir marcar uma audiência com a presidente a cada 2 meses. O arremedo é um ministro ser subordinado a outro, um contra-senso que custa muito caro, pela estrutura necessária a cada ministério ou secretaria”, afirma Francisco Cunha, sócio-diretor da TGI Consultoria de Gestão. “Do ponto de vista político, é até possível entender. O problema é justamente esse: a questão excede o aspecto administrativo. É um problema político”, afirma Francisco.

Em 2008, para investigar a medida dos governos federais em 197 países, físicos da Universidade de Cornell testaram o que foi batizado de “coeficiente da ineficiência”. A média dos eficientes era próxima de 20. Com a recente criação da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, com status de ministério, o Brasil só estaria à frente de países como o Congo, com 40 ministros.

“A questão não é criticar a área para a qual foi criado um ministério ou área de governo. As micro e pequenas empresas são muito importantes para a economia. A discussão é sobre se há necessidade do instrumento administrativo. Não poderia ser uma agência de fomento melhor estruturada? Se começa a se criar secretaria, ministério, mas sem política pública, o que termina sendo um gasto maior para a sociedade”, comenta o economista Uranilson Carvalho.

Entre os principais Estados brasileiros, o governo que mais se aproxima do que seria a média mundial, em torno de 20, é o de Minas Gerais, comandado por um sucessor do pré-candidato tucano Aécio Neves.



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